A CRISE NO INEM


Acompanho há mais de 30 anos a missão diária dos sistemas aos quais está confiada a responsabilidade da salvaguarda da vida de pessoas (como primeira prioridade) e bens, no território nacional. Refiro-me ao Sistema Nacional de Proteção Civil (SNPC) e ao Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). Sublinho que incluo no primeiro todos os demais sistemas a ele associados (Sistemas de Busca e Salvamento, Marítimo e Aéreo;  Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais e outros). Nesta relevante missão destaca-se a capacidade dos referidos sistemas responderem eficaz e prontamente aos pedidos de socorro desencadeados em caso de acidente, acidente grave ou catástrofe.

Dito isto e a propósito de indisfarçável crise vivida no INEM, da qual parece resultar uma clara perturbação na capacidade de resposta, tanto no atendimento das centrais CODU como  no acionamento dos meios adequados, parece ser claro que urge proceder a uma ponderada avaliação, 43 anos após a sua fundação, deste vital serviço público.

Para este efeito é indispensável que a missão avaliativa do INEM não seja contaminada por lóbis internos e externos, experimentalismos de decisores políticos impreparados, manobras de poderes fáticos e outras perversidades que só podem agravar, ainda mais, a situação vivida no instituto.

Não me parece que seja necessário refundar o INEM. O que verdadeiramente se torna imperativo é que se recorra à história (essa cada vez mais essencial fonte de ensinamentos), se analise o processo que resultou na criação do INEM (em 1981) e se traga o mesmo à atualidade, reinventando o espirito de missão que inspirou os seus fundadores, dos quais destaco a figura do médico cardiologista  Dr. Rocha da Silva. 

É urgente refundar a visão de decisores políticos capazes de ver mais adiante, reunir na forma e no conteúdo as soluções inteligentes e capazes de resolver as crises e retomar o caminho que justifica a existência desta instituição. 

É urgente refundar o respeito pelos técnicos, pelos médicos, pelos enfermeiros e pelos parceiros do SIEM, garantindo-lhes a adequada valorização para que as suas funções voltem a ter a atratividade que já tiveram e que, entretanto, têm vindo a perder. 

São estes os alertas de emergência que devem ser dirigidos a quem de direito, sem qualquer necessidade de recorrer ao expediente da "reforma", muito ao gosto de quem nada tem para acrescentar, numa matéria onde o recurso à retórica, como terapêutica, representa apenas uma morte anunciada.




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