LIBERDADE DE PÁSSARO

 

                                                                                                              Foto Duarte Caldeira

De repente aterra a uns escassos metros. Impávido e sereno, fica ali. Roda insistentemente a cabeça de um lado para o outro, como que procurando algo. Talvez alimento. De súbito olha em frente e fixa-me. Permanece naquela posição por momentos. Voa alguns metros adiante e bica qualquer coisa na relva. Regressa para junto de mim. Não me mexo para não o assustar. De súbito, voa para fora da minha vista, como qualquer pardal à solta.

Este episódio trouxe-me à memória uma história da minha infância. Em minha casa havia uma gaiola com pássaros que o meu avô muito estimava. Quando eu passava junto da gaiola ficava a observar o movimento desesperado dos dois pássaros, de poleiro em poleiro, de um lado para o outro. Metia-me impressão aquele bailado dos pássaros, como que lutando para saírem daquela “prisão”.

Um dia decidi que teria de libertar os pássaros. E se pensei, bem o fiz. Aproveitei uma tarde em que estava em casa apenas com a minha avó e com os meus irmãos, fui à marquise, abri a janela e junto a ela abri a porta da gaiola. Os pássaros, como que se tivessem combinado comigo aquele momento de libertação, soltaram-se de imediato, para minha enorme satisfação. Neste momento assumi-me como um lutador pela liberdade, nomeadamente dos pássaros.

 

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