SER BOMBEIRO

 

Muitas vezes há cidadãos que perguntam: porque é que ainda há bombeiros voluntários?

Respondo a esta pergunta transcrevendo uma conversa havida com um Bombeiro Voluntário, que conheço há alguns anos.

André trabalha na área comercial de uma grande superfície, há 4 anos. Tem 32 anos, é casado e pai de uma filha de 5 anos. Está no 3º ano do curso de Direito. É bombeiro voluntário há 15anos.

Para ele o tempo parece não ser problema. Diz-me que não prescinde de nenhuma das coisas que preenchem a sua vida e que para todas arranja tempo. 

RC – Fazendo tanta coisa ao mesmo tempo, o que é que fica para trás?

André – Não fica nenhuma. Trabalho no meu emprego, vou às aulas na Faculdade, acompanho a minha família e faço um serviço noturno durante a semana e outro ao fim de semana no corpo de bombeiros, no qual sou voluntário ativo. Para tudo isto tenho tempo, porque tenho motivação para todas elas. Fazem parte da minha vida.

RC – Então não tem tempo para se divertir, ir ao cinema, passear…

André – Mas quem disse que eu não me divirto? Sou feliz porque tenho emprego, estou a tirar o curso com que sempre sonhei e que só há 3 anos pude iniciar. Tenho uma mulher e uma filha que adoro. Sou bombeiro voluntário desde miúdo e jamais deixarei de ser. Em resumo: todos os dias acordo sabendo porquê e para quê.

RC – Como ingressou nos bombeiros?

André – Ingressei porque o meu pai, que já faleceu, também era bombeiro. Desde muito miúdo via-o fardado e ouvia-o falar das missões que tinha com os camaradas. Por minha iniciativa, um dia disse-lhe que queria ser bombeiro e ele apoiou-me logo. Até hoje. Mas repare que, para mim, ser bombeiro não é ter uma farda. Ser bombeiro é estar ao serviço e obter a maior formação possível, dentro da disponibilidade que tenho.

RC – Está preocupado com o futuro?

André – Estou preocupado com o futuro. Mas tenho muita confiança em mim. Defendo que nada é fácil na vida. Mesmo perante as adversidades deveremos combater, reagir, recomeçar sempre. Acreditar. Os tempos não estão fáceis. Mas com trabalho e  motivação mais tarde ou mais cedo chegamos sempre aos nossos objetivos.

Mais palavras para quê?