RESISTIR AOS DITADORES

Tenho bem presente aquela tarde de julho de 1971. Um amigo bancário, num dos nossos encontros no Café Paládio, nos Restauradores,  falou-me da prisão do Daniel Cabrita, dirigente do Sindicato dos Bancários do Sul. Informou-me da realização de uma manifestação na Baixa de Lisboa, exigindo a libertação do referido dirigente, preso pela PIDE. Sensibilizou-me para a importância daquele protesto. 

Mobilizado lá fui à manifestação. Gritei repetidas vezes palavras de ordem  pela libertação de Daniel Cabrita e outras contra o regime fascista. De repente, das traseiras do Teatro Nacional, no Rossio, surge um grande grupo de Policias de Choque a carregar sobre os manifestantes. Corremos a toda a velocidade pela Rua do Ouro abaixo. Muitos não conseguiram evitar e foram barbaramente espancados pela Policia. Eu, com a agilidade dos meus 19 anos, lá me safei sem sentir os bastões no meu corpo. Entrei numa pastelaria onde já se acotovelavam vários outros manifestantes e, dali, assisti a uma mulher grávida ser violentamente agredida pelos policias e depois metida numa carrinha, onde já estavam outros manifestantes presos. 

Quando este fim de semana vi as imagens dos corajosos cidadãos a manifestarem-se nas ruas de várias cidades da Rússia contra a guerra desencadeada pelo ditador que os Governa e a serem presos pelas forças policiais, lembrei-me da situação descrita e que vivi.

Já são alguns milhares os detidos por se manifestarem nas ruas da Rússia, contra a invasão da Urânia, às ordens de Putin. Gente corajosa que não se resigna a pactuar com os ditames de um ditador, que não hesita em utilizar o seu poderio militar para vergar um povo e  aprisioná-lo no império que quer reconstruir, qual Czar do século XXI.

Todos aqueles que resistem aos ditadores merecem a minha admiração. Putim é um ditador. Dito isto, resta manifestar indignação pelo sofrimento que ele está a impor aos povos da Ucrânia e da Rússia. 

Assim, com a mesma convicção como há 51 anos  desci á rua para exigir a libertação de Daniel Cabrita, quero manifestar-me em defesa das vítimas do criminoso de guerra Vladimir Putim, de seu nome.





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