A NECESSIDADE DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE CRISE



A pandemia da Covid-19 impõe uma nova abordagem em diversos domínios da nossa vida individual e coletiva e, por consequência, questiona muitos dos nossos padrões dados por adquiridos.
Este novo tempo introduz também a oportunidade de avaliarmos os sistemas em que a sociedade se estrutura, sobretudo num contexto em que os mesmos estão a ser chamados a desenvolver as suas competências e a testar os recursos de que dispõem para o desempenho das suas missões.
Os sistemas de proteção civil e de saúde pública, nas suas múltiplas missões, têm estado na centralidade da resposta à Covid-19.  Esta circunstância tem revelado algumas debilidades que importa analisar e solucionar. Para este efeito é necessário iniciar um diagnóstico da situação dos mencionados sistemas – diferente de todos os demais anteriormente realizados, porque mais informado – e confrontá-lo com o conhecimento disponível.
Apesar da opinião generalizada de que quase tudo tem corrido bem na gestão da crise da Covid-19, a situação vivida em alguns concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, obriga-nos a concluir  que ainda temos um longo caminho a percorrer, para considerarmos que o país dispõe de um quadro jurídico e operacional politicamente sólido e tecnicamente eficaz de gestão de crise. A necessidade sentida pelo Governo de nomear cinco secretários de Estado para coordenar, nas cinco regiões de Portugal Continental, a intervenção dos vários atores da administração central, nomeadamente na sua relação com a administração autárquica e demais instituições comunitárias é um claro exemplo da referida debilidade. Ora um sistema adulto não necessita de soluções deste tipo, para agir em plenitude.
Importa então adotar uma nova lógica de governação, menos defensiva e autossuficiente, tendo em vista construir um novo sistema de gestão de crise, definido a partir de uma nova identidade e modelado na perspetiva da gestão complexa de uma emergência critica.
Entretanto e como o pós-Covid não tem ainda calendário para a sua erradicação o melhor será adotar uma postura de antecipação, construindo um efetivo sistema de gestão de crise, convivendo em paralelo com a gestão casuística e reativa que tem caracterizado a forma de enfrentar a crise desta pandemia.
Nos tempos que aí vêm são dispensáveis práticas obsoletas de governança, num quadro em que se exige estabilidade, sustentação técnica e científica e muita, mas mesmo muita, competência.


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