PALAVRAS DE JORNAIS (2)
KIT DE DIAGNÓSTICO PORTUGUÊS
A investigadora Maria Manuel Mota, diretora do Instituto
de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, começou a aperceber-se
de que os testes de diagnóstico (vindos do estrangeiro) do novo coronavírus
acabariam por se esgotar em Portugal. “Começámos a pensar: como cientistas,
como é que podemos ajudar? Podemos usar kits e reagentes que
temos em Portugal e que achamos que não vão esgotar-se com facilidade”, conta.
Juntou então um grupo de voluntários do seu instituto usando reagentes
fabricados no país e seguindo a “receita” da Organização Mundial da Saúde para
os kits de diagnóstico. Resultado: dentro de poucos dias, o
IMM deverá começar a fazer 300 testes por dia, e a ideia é chegar aos mil.
Não foi necessário criar um laboratório novo – a palavra
aqui é “adaptação”. A tecnologia usada é a mesma que já é vulgarmente aplicada
no IMM na investigação do parasita da malária. E os reagentes, muito
importantes durante todo o processo, já são produzidos cá para essa tecnologia.
O kit já foi acreditado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge (Insa), o laboratório de referência em Portugal para a
realização dos testes. Aliás, a
quantidade e a qualidade de reagentes disponíveis para estes testes foram um
problema nos Estados Unidos.
Maria Mota adianta que vão fazer-se testes
reais a dez amostras para comparar, desta vez, com os resultados do Insa. Vão
usar-se as mesmas amostras, que serão processadas ao mesmo tempo, para
verificar se o kit de diagnóstico português chega aos mesmos
resultados do que o Insa. A partir daqui o kit estará pronto
para começar a ser utilizado em diagnósticos.
Público
24 março 2020
Teresa Firmino e Teresa Sofia Serafim
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