PALAVRAS DE JORNAIS (1)



A maioria dos jornais são instrumentos essenciais de informação e formação. E digo a maioria porque também há jornais que são instrumentos de desinformação e deformação.
Recorro diariamente aos primeiros, por necessidade e adequado enquadramento com o que se passa à minha volta.
Nestes dias em que o COVID-19 capturou plenamente o nosso quotidiano, continuo a encontrar nos jornais a informação de que necessito, para melhor encarar este tempo de desafio coletivo que a todos está a testar, sejam políticos, operacionais ou cidadãos.
Neste dossier que hoje abro e que continuarei, sempre que tiver material para o editar, transcreverei as palavras dos dias que correm, na forma de citação, a propósito do tema do COVID-19 e dos seus impactos.
Espero com este Dossier, contribuir para a urgência de refletirmos sobre este tempo estranho, mas, simultaneamente, desafiante.

Citação 1:

Texto de Alexandra Prado Coelho, intitulado “O vírus é o espelho de todos os nossos medos”, publicado no suplemento Ípsilon do jornal Público de 20 de março de 2020:
“ Olhamos pela janela para as ruas quase desertas, desviamo-nos dos outros na rua como se fossem uma bomba prestes a explodir, cruzamo-nos, durante breves minutos que entramos na mercearia, com seres de luvas e mascaras na cara, como se fossem cirurgiões que tivessem interrompido uma operação para virem comprar cebolas. Sentimos que estamos num filme que vimos vezes sem conta e que de repente se tornou realidade. Atónitos e meio anestesiados, não conseguimos processar toda a informação. Em poucos dias, a pandemia do coronavírus tomou conta das nossas vidas.”

Citação 2:

Texto de Pedro Marques Lopes, intitulado “Juntos w solidários III”, publicado no Diário de Notícias de 21 de março de 2020:
“É a primeira crise global em que as redes sociais estão presentes. São, aliás, parte importante do processo de recolha de informação por parte dos cidadãos. Se por um lado permitem a circulação de informação importante e possibilita a criação de redes de solidariedade social, são também um difusor de perigosos boatos e desinformação verdadeiramente criminosa. Neste momento critico da nossa vida em comum há também uma batalha entre informação e desinformação, entre jornalismo e manipulação. É bom perceber que nis dias que esta crise já leva os media tradicionais têm tido um consumo enorme, que é sobretudo nas televisões, nas rádios e nos jornais que produzem verdadeiro jornalismo que as pessoas vão buscar informação. Pode ser que no meio do desastre ao menos cresça esta flor de esperança”.

Citação 3:

Texto de José Tolentino Mendonça, intitulado “Redescobrir o poder da esperança”, publicado na revista do Expresso de 21 de março de 2020:
“Parece paradoxal, mas o tempo presente representa uma oportunidade para nos reencontrarmos. Confinados a um isolamento compreendemos talvez melhor o que significa ser – e ser de forma radical – uma comunidade. A nossa vida não depende apenas de nós e das nossas escolhas: todos estamos nas mãos uns dos outros, todos experimentamos como é vital esta interdependência, esta trama feita de reconhecimento e de dom, de respeito e solidariedade, de autonomia e relação. Todos esperamos uns dos outros e estimulam-se positivamente a que façam a sua parte. Todos contam. Os cuidados individuais que somos chamados a exercitar, não são a expressão de uma fobia ou do interesse próprio apenas, como se destinados a nos enclausurar na torre de marfim do nosso ego. São, sim, a forma de colaborar para uma construção maior, de colocar os outros no centro, de sacrificar-se por eles, de privilegiar o bem comum. Esta é a hora em que podemos, de facto, reaprender tantas coisas. Podemos reaprender a estar nas nossas casas, mas também a sentir que depende de nós o nosso prédio, a nossa rua, o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso país, dando substância efetiva a palavras, tantas vezes destituídas dela, como são as palavras proximidade, vizinhança, humanidade, povo e cidadania”.





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