ENTRE AS CHAMAS DA CALIFÓRNIA, RICOS E PODEROSOS CONTRATAM BOMBEIROS PRIVADOS


A agência internacional de notícias AFP, no passado dia 1 de novembro divulgou um texto, a propósito dos incêndios florestais que têm flagelado a Califórnia.
Através desta peça jornalística fica-se a saber que o combate aos incêndios florestais nos EUA (pelo menos no estado da Califórnia) é um negócio chorudo, envolvendo seguradoras, empresas privadas e poderosos.
Tenho a opinião de que o exemplo dos EUA no combate aos incêndios florestais é um mito, que alguns, por interesse próprio, continuam a alimentar por cá.
O exemplo que aqui trago, através do despacho da AFP, abaixo reproduzido, ainda reforça mais a ideia de que os exemplos que vêm dos EUA neste domínio, são perfeitamente dispensáveis, atento ao disposto no artigo 27.º da Constituição da Republica Portuguesa que consagra: " Todos têm direito à liberdade e à segurança". 




AFP
Atualizado em 01/11/19 - 19h33

Kris Brandini e sua equipe acabam de voltar de quatro dias intensos e ininterruptos de luta contra os incêndios no oeste de Los Angeles, mas seu trabalho limita-se a uma lista de clientes poderosos.
Eles começaram no bairro onde moradores ricos, como o ator Arnold Schwarzenegger, tiveram que evacuar as suas casas e depois seguiram para o incêndio que ameaçava a biblioteca presidencial de Ronald Reagan, a cerca de uma hora de carro.
Mas, diferentemente do corpo de bombeiros público, Brandini não protege o maior número possível de casas, mas concentra-se nas casas daqueles que pagam pelos seus serviços. “Só protejo as casas que estão na minha lista”, disse ele à AFP.
“Eu não ando aleatoriamente, essa é a diferença entre nós e os bombeiros do estado, que protegem todos. Eu concentro-me nas casas que se inscreveram no programa”.
Empresas como a Firebreak Protection Systems de Brandini foram manchetes no ano passado, quando Kim Kardashian revelou que havia contratado bombeiros particulares para proteger a sua casa, nos arredores de Los Angeles, de incêndios florestais.
Isso gerou preocupação no ponto de vista ético por ter o setor privado no negócio de combate a incêndios. As tarifas podem chegar a US$ 25.000 por dia para um camião tripulado, dedicado exclusivamente à defesa de bens pessoais, um luxo que apenas a elite pode desfrutar.
“OK, é muito dinheiro, mas se mora numa mansão de 10 milhões de dólares que não é segurável, não é nada, certo?” Brandini refutou. “Eu gasto os US$ 25.000 e certifico-me de que está tudo bem no final do incêndio”.

 Tarifa justa
A expansão do combate privado aos incêndios foi impulsionada pelas companhias de seguros, que contratem essas empresas baseando-se no cálculo de que custaria mais caro reconstruir as mansões bilionárias.
A maior parte do trabalho de Brandini provém de seguradoras.
“Quando as pessoas falam ‘Ah, vocês atendem os ricos…’, não. Os ricos já são ricos e contratam uma companhia de seguros que tem muito dinheiro para cobrir a sua casa, e, com isso, vem um corpo de bombeiros privado”, apontou.
Contudo, após os incêndios ferozes que atingiram áreas como a exclusiva Malibu no ano passado, algumas empresas agora negam-se a emitir apólices em propriedades localizadas em áreas de alto risco, o que levou muitos ricos a contratar proteção privada.
“Recebi mais ligações nesses dois últimos incêndios do que recebi em três anos ao todo”, disse Brandini, que tem apenas seis funcionários de resposta a incêndios florestais, que dirigem três camiões.
Mas ele planeia ampliar a equipe no ano que vem.
Mais ao norte, na Califórnia, a companhia de bombeiros de Don Holter funciona há quase três décadas e tem 25 funcionários.
Ele trabalha principalmente com governos locais, com os quais celebra contratos renováveis de três anos, mas nos últimos 15 anos, disse, observou um crescimento de clientes individuais.
“Trabalho para qualquer um que precisar”, disse Holter, que cobra 5 mil dólares ao dia pelos seus serviços – preço de mercado, segundo ele.
“Tenho que alimentar (os bombeiros), colocá-los num hotel, dar três refeições por dia e pagar por seu trabalho. É difícil fazer muito mais barato”, explicou o empresário, que tem outra companhia mais focada na prevenção de incêndios.

Sem garantias 
Mesmo se for chamado para uma emergência, Holter pede a seus clientes que leiam atentamente o contrato antes de assiná-lo.
“Não posso garantir que uma casa vá sobreviver a um incêndio, farei o que for possível para evitar que se queime, mas é a mãe natureza”, destacou. “Se o vento sopra a 137-145 km/h, não há nada que alguém possa fazer”.
“Enquanto aceitarem as condições, farei tudo que estiver ao meu alcance fazer”.
“Os bombeiros estatais já se queixaram da presença dessas brigadas privadas no meio de uma emergência, mas, atarefados pelo aumento dos incêndios, mostraram-se “mais receptivos”, disse Brandini.


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