REPUTADOS ESPECIALISTAS
Terminadas as férias estou de regresso ao trabalho. Entretanto retenho na memória algumas notícias que, nas
duas semanas de férias que usufrui, marcaram os meus dias, que embora de
descanso não dispensam uma permanente ligação ao país e ao mundo, em particular
através da leitura de jornais.
Leio tudo, mas são as notícias e
os artigos de opinião sobre as temáticas da proteção civil e dos bombeiros que
exigem da minha parte uma mais detalhada apreciação e reflexão. Afinal estes
são os temas que marcam a minha vida nos últimos 20 anos e continuam a marcar.
Como habitualmente nesta altura
do ano, a problemática dos incêndios florestais ocupou a agenda mediática da
segunda quinzena de julho.
O principal destaque foi para o
incêndio iniciado no princípio da tarde de 20 de julho, em Fundada no município
de Vila do Rei e que atingiu Mação, sendo dado como “Em resolução” pelas 13
horas do dia 23 de julho.
Este incêndio fez disparar o
tradicional coro de comentadores, de políticos e especialistas encartados, um
cenário tantas vezes repetido ao longo dos anos. Convidado com frequência para
intervir em órgãos de comunicação social, em especial televisões, para opinar sobre os
incêndios de verão, decidi passar a ser seletivo na aceitação dos referidos
convites. Não quero alinhar no coro de oportunismo que caracteriza algumas opiniões que poluem o espaço mediático.
Entre as abordagens publicadas recentemente
em órgãos de comunicação social sobre este tema, destaco um texto inserido no
suplemento satírico O Inimigo Público
do jornal Público, de 26 de julho,
com o título “Protecção Civil alerta para risco máximo de crónicas nos jornais
com o título “É preciso mudar o paradigma da Floresta”.
Transcrevo o referido texto sem
nada mais acrescentar, dado que ele dispensa qualquer comentário:
«Para além do agravamento do risco de incêndio rural devido à subida da
temperatura, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil acaba de
emitir um aviso à população a prever o aumento drástico do número de artigos de
jornais sobre o assunto do momento.
“Caros cidadãos, muito cuidado com estes cronistas que depois de uns
hectares ardidos transformam-se automaticamente em reputados especialistas do
mundo rural. Ignoram o assunto o resto do ano, mas chega a esta altura e todos
exigem uma seria reflexão da sociedade portuguesa para que se una perante esse
enorme desígnio nacional que é salvar o interior do pais da desertificação.
Esta gente nunca passou um dia no mato, mas tem a solução para todos os
problemas. Esta malta é paga a escrever crónicas que são cópias de crónicas que
escreveram nos anos anteriores. Passem à frente, ignorem estes palermas
oportunistas”.
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