ESTE É O TEMPO CERTO DA MUDANÇA!




Nos últimos dias de cada ano, imponho à minha reflexão a retrospetiva do tempo vivido nos 12 meses que antecederam o novo ciclo de 365 dias que se aproxima. Trata-se de um hábito que cultivo há muitos anos, quase sempre sobre a forma de texto escrito, partilhado com outros ou para minha recriação pessoal. Estes textos associados às minhas agendas anuais – religiosamente guardadas – fazem de algum modo a minha história e, com ela, um pouco da história da evolução do meu pensamento sobre a realidade que me rodeia.
Produzo estas reflexões anuais sem qualquer nostalgia do tempo passado, uma vez que sempre fui mais focado no que estou a viver e quero fazer, do que no que já vivi ou fiz. Isto não significa que menospreze o passado, mas sim que o utilizo como instrumento estruturante do meu futuro. Uma espécie de fonte de informação que, depois de tratada, se transforma em conhecimento aplicado.
Feita esta introdução vou deter-me sobre o tema que escolhi para esta reflexão do final de 2017, dedicando a minha reflexão à proteção e socorro dos meus concidadãos, matéria à qual hoje me dedico quase em exclusivo.
É incontornável eleger a catástrofe dos incêndios florestais que este ano flagelaram a região centro e norte do país como o acontecimento mais marcante – dolorosamente marcante – a vida nacional, neste período.
A morte de 111 cidadãos em circunstâncias tão dramáticas, são um dano humano cujas dimensões não podem ser desvalorizadas. A este número de vítimas há acrescentar o número de feridos. Importante também não esquecer os desalojados, as empresas destruídas, os postos de trabalho perdidos e as comunidades devastadas.
Para se concluir sobre como foi possível tão terrível situação, foram elaborados relatórios e estudos, constituídas comissões e promovidos debates académicos. O produto final de todo este labor foi quase sempre anulado pelos comentários emotivos nas redes sociais e pelas centenas de horas de emissão televisiva dedicadas ao tema, quase sempre em formato reality show tendo como vedetas alguns atores políticos, na sua postura permanente de guerrilha irracional e medíocre, sem ideias nem soluções, face à dimensão e gravidade da situação em presença.
Entretanto o tempo – esse grande mestre – foi criando condições para que aos poucos o bom senso se instale, e se identifique sem demoras o que é preciso fazer, para que uma catástrofe com estas características – quanto às causas e respetivas consequências – não possa repetir-se no nosso país. Ao afirmar isto não me esqueço que há fatores que não controlamos, nomeadamente os de natureza climática, responsáveis pela ocorrência de eventos extremos que, segundo nos avisa a comunidade científica, vão repetir-se cada vez com mais severidade. O que é preciso impor é a convicção de que é possível – tem de ser possível – melhorar o sistema de proteção civil que o país possui, de modo a garantir que não possam morrer cidadãos por falta de socorro atempado, ou pela sua total impreparação para lidar com situações de risco.
Na sua mensagem de Natal deste ano, o Primeiro- Ministro António Costa comprometeu-se a “ fazer tudo o que tem de ser feito para prevenir e evitar, naquilo que é humanamente possível, tragédias como a que vivemos”. Para atingir tão fundamental objetivo, o mesmo governante define o caminho: “ Melhorando a prevenção, o alerta, o socorro, a capacidade de combater as chamas. Mas, sobretudo, concentrando-nos com persistência no que exige o tempo, mas que é o mais decisivo e estrutural: a revitalização do interior e o reordenamento da floresta”.
Dificilmente alguém com sentido de responsabilidade pode discordar do caminho traçado pelo Governo, quanto ao que fazer. Mas talvez por isso, é indispensável conhecer o como fazer. Porque é aqui que o sucesso do caminho se avaliará.
Na resposta à pergunta “como fazer?” terá de se incorporar no processo de decisão um conjunto alargado de agentes, para que estes procurem as suas próprias respostas, no que lhes compete mudar.
E há tanto para mudar em alguns agentes!...
No final desta reflexão, uma única certeza tenho: este é o tempo certo da mudança. O tempo ao qual ninguém poderá fugir. O tempo em que a proclamação de valores é insuficiente quando confrontada com a realidade que os desmentem. O tempo em que já não chega criticar tudo e todos. O tempo em que é preciso saber ajudar a construir um sistema de proteção e socorro aos cidadãos, eficaz e eficiente, em todo o território nacional, qualquer que seja a natureza do risco.  

Este é o grande desígnio para 2018, que não pode falhar!

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