FOI HÁ UM MÊS …
Há precisamente um mês, pelas
14h43 de 17 de Junho foi dado o alerta para um incêndio florestal na localidade
Escalos Fundeiros, município de Pedrogão Grande.
Mais um incêndio, como tantos
outros, terão pensado muitos. Afinal os incêndios florestais são uma imagem de
marca dos verões portugueses.
Porém, há medida que as horas
foram passando o incêndio foi galgando quilómetros, atingindo os municípios de
Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos. Começou a ficar claro para alguns
que se desenhava uma situação muito semelhante aquela que foi vivida em 2003,
no ponto de vista da severidade meteorológica e da exigência da resposta
operacional.
Culminando um conjunto de fatores
adversos, de origem natural e humana, a situação descontrola-se. Seguem-se
horas de desespero, com dezenas de pessoas implorando socorro, batalhando
sozinhas contra as chamas em aldeias cercadas pelo fogo e numa estrada
transformada na recriação do inferno.
As estruturas de resposta são
surpreendidas pelo cenário que se desenvolve rapidamente, no espaço e no tempo.
Falham comunicações, faltam meios disponíveis, dispensam-se planos de
emergência, experimentam-se estratégias e manobras, constatam-se
vulnerabilidades que não há tempo para corrigir, cresce o ruido mediático. Seguem-se
quatro dias dramáticos.
Extinto o incêndio, quatro dias
depois, fez-se o balanço: 64 mortos (37 dos quais na EN 236-1) 254 feridos e
elevados prejuízos materiais.
Há um mês que procuro
incessantemente respostas para tantas perguntas. As fontes fecham-se e a
dificuldade cresce. Mas o desafio cresce também na mesma proporção. Ouvem-se
muitos depoimentos, alguns contraditórios. Validam-se informações através do
cruzamento de fontes. Surgem novas perguntas motivadas por algumas respostas. Questiono
verdades que tinha por adquiridas. Crescem as convicções, como antecâmara de
conclusões.
Que ninguém espere de mim
qualquer contributo para o circo da luta partidária porque, nestas circunstâncias, esta é indecorosa.
Fica no entanto um compromisso de
honra. Doa a quem doer, alinharei ao lado de todos aqueles para quem – a vários
níveis – nada ficará como antes de 17 de Junho de 2017.
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