SERVIÇOS E SUSTENTABILIDADE DOS CORPOS DE BOMBEIROS




Para a realização de um estudo que estou a realizar, no âmbito de uma equipa que integro, tive de me debruçar atentamente sobre as Estatísticas do Ambiente, editadas pelo INE, referentes ao ano de 2015.
Neste documento há uma parte dedicada às Entidades Detentoras dos Corpos de Bombeiros, na qual se compilam dados de serviços prestados pelos copos de bombeiros de todo o país (Continente e Regiões Autónomas dos Açores e Madeira).
Dado o interesse e oportunidade dos mencionados dados transcrevo partes significativas dos mesmos.
Em 2015, os serviços prestados pelos 471 Corpos de Bombeiros do país aumentaram 5,7%, correspondente a 1,4 milhões de serviços. A variação positiva de maior magnitude ocorreu co o serviço incêndios (+45,2%), correspondente a 48.466 intervenções, em contraste com infraestruturas e vias de comunicação com um decréscimo de 35,8%.
Em termos estruturais, contudo, manteve-se o predomínio da assistência pré-hospitalar com 59,6%, do total de serviços prestados (mais 1 p.p. face a 2014), seguido pelos outros serviços constituídos na sua maioria por serviços de prevenção, através de patrulhamentos/vigilância, apoio a recintos de espetáculos e desportivos, abertura de portas, transporte de doentes, com 23,3% (24,3% em 2014). A contribuição dos restantes serviços foi menos significativa, oscilando entre os 9,0% (proteção civil) e os 1,1% (infraestruturas e vias de comunicação.
As regiões do Norte e Centro continuaram a concentrar mais de metade (55,4%) dos serviços prestados pelos Corpos de Bombeiros do país por contraponto à Região Autónoma da Madeira com 2,6% dos serviços prestados e do Algarve (4,1%).
Estes dados demonstram, uma vez mais, que os Corpos de Bombeiros são um agente de proteção, socorro e assistência ao serviço da população em todo o território nacional, com um índice elevadíssimo de prestação de serviços e, por consequência, com uma enorme necessidade de recursos humanos e equipamento adequado, o mesmo é dizer com necessidade de investimento permanente.
Pego no documento que tenho estado e citar e nele encontro mais um dado relevante, relativo a 2015.
Os gastos das entidades detentoras de Corpos de Bombeiros totalizaram 355 milhões de euros (326 milhões de euros em 2014). (…) Os rendimentos destas entidades registaram um acréscimo de 6,8% em comparação com 2014, ascendendo a 311 milhões de euros (291 milhões no ano transato).
Ocorre-me perguntar: não será tempo de se olhar para esta matéria, sem pressas e com a devida informação e conhecimento, na perspectiva de encontrar soluções sustentáveis e duradouras que acabem com o sufoco das entidades detentoras dos Corpos de Bombeiros? Não será tempo de abandonar-se o passa culpas (ilegítimas porque ninguém está isento de responsabilidades, ontem e hoje) e passar-se à fase da construção de um modelo de sustentabilidade para a resposta ao socorro confiado a Bombeiros, de espírito aberto e ajustado à realidade actual do país, envolvendo Governo, Municípios, agentes económicos e cidadãos, para além, naturalmente, das estruturas representativas?
Pela minha parte estou pronto a dar o meu contributo, exclusivamente enquanto cidadão e estudioso desta temática, para que estas perguntas tenham a adequada resposta, antes que seja tarde.


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