CONTRA A VIOLÊNCIA DENTRO OU FORA DOS ESTÁDIOS
O futebol, esse espectáculo
fantástico onde se deveria harmonizar a razão com a emoção, está a
transformar-se, em particular no nosso país, num terreno pantanoso onde se
misturam diversos interesses e se expressam os mais primários impulsos. Nesta
fotografia saem mal, sobretudo os dirigentes. São eles que inundam os meios de
comunicação social com afirmações incendiárias, com o lançamento cirúrgico de
suspeições, com manobras de pressão em vésperas de jogos decisivos, com a
estimulação de afirmações estúpidas e promotoras de ódios criminosos, entre
outras características que, por decoro, não identifico.
A esta responsabilidade primeira,
junta-se a responsabilidade dos meios de comunicação social (televisões e
jornais) em luta desesperada por audiências, maioritariamente protagonizada por
jornalistas sem escola e comentadores de facção.
Entretanto a conjugação das duas
responsabilidades anteriormente referidas, geram uma outra responsabilidade, a dos adeptos.
Assumo que sou adepto de futebol
e de um clube (Sport Lisboa e Benfica)) desde que me conheço. Assumo que sou capaz de desligar de
tudo o que me rodeia para ver um jogo do meu clube. Assumo que muitas vezes
violo a fronteira da racionalidade que me caracteriza e grito, protesto por uma decisão do arbitro ou rejubilo de alegria com um golo.
Porém não alinho em manifestações
de violência, de intimidação, agressão gratuita ou na ofensa ordinária que transformam o futebol num circo romano.
É por tudo isto sou contra a
existência de claques, todas as claques. E sou contra porque, tal como escreveu
ontem no jornal Público o jornalista Manuel Carvalho, “ em torno das claques,
todas as grandes claques, prospera uma camada de rufias que alimenta hordas de
cobradores de dívidas ou de seguranças de discotecas obedientes à lógica das
organizações de malfeitores”.
Termino fazendo minhas as
palavras de Manuel Carvalho: “ Haverá coragem para pôr tudo em pratos limpos,
ou estamos condenados a assistir ao alastramento da vílania perante o silêncio
cobarde do Estado e as palavras de circunstância dos agentes de futebol”.
Comentários
Enviar um comentário