PERCEBER PORTUGAL





Os actos associados às cerimónias fúnebres de Mário Soares trouxeram à memória colectiva valores pelas quais sucessivas gerações de portugueses lutaram e novas gerações parecem começar a perceber, na sua real dimensão.
Liberdade, Democracia, Modernidade, Tolerância, Convicção, Coragem e Futuro são palavras mil vezes repetidas por estes dias, na comunicação social (toda!), na rua, nas famílias, nas escolas e nas universidades. Elas apossaram-se um pouco de todos nós, homens e mulheres, jovens e velhos, urbanos e rurais. E para quem tenha dúvidas, reafirmo que o "Portugal profundo" acompanhou com respeito o adeus a Mário Soares.
Foi um país inteiro que se reuniu à volta da memória de um homem que, independentemente de posições ideológicas, a todos diz qualquer coisa.
Já escrevi aqui que, ao longo de muitos anos e no ponto de vista político, muito me dividiu de Mário Soares. Mas isso não me impede hoje de perceber a importância desta personalidade na construção do Portugal Democrático, nos seus feitos e defeitos.
Perceber Mário Soares e perceber a reacção dos portugueses à sua morte é, também, perceber Portugal.
Não ficam na história destes dias as mensagens que destilaram ódio, em especial nas redes sociais, enquanto espaços privilegiados para a expressão de todas as frustrações. Os que são incapazes de perceber que só podem dar voz à sua cegueira sectária porque vivem num país onde ninguém é preso ou morto delito de opinião, só podem merecer o profundo desprezo da maioria de todos nós, tanto os que se identificavam com Mário Soares, como aqueles que dele muitas vezes discordaram, reconhecendo-lhe porem uma coincidência de valor supremo: o amor à Liberdade!



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