QUANDO OS POVOS FALAM…




A democracia tem destas coisas. Na sua essência, as eleições realizadas nas sociedades democráticas – determinantes para a estruturação do exercício do poder político – são, quase sempre, montras do estado de espírito dos cidadãos. É certo que há mais ou menos show off na formação da vontade dos eleitores, produzido à medida dos padrões culturais caracterizadores do perfil sociológico dos eleitores. Mas isso, por si só, não justifica o resultado voto dos cidadãos, tantas vezes expresso em sentido contrário às previsões e sondagens.
A vitória de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) constitui, no meu ponto de vista, um convite à reflexão sobre a forma de fazer política no mundo e sobre a visão que os cidadãos possuem dos políticos e, até, sobre o tão evocado Sistema, isto é sobre a Democracia e o que ela significa para eles.
Contra todas as expectativas, contra a maioria da opinião publicada, contra todas as sondagens, a maioria do povo americano – através de um sistema de eleição indirecta que escolheu há muitos anos – elegeu um candidato que no período de campanha assumiu posições assustadoras, tendo em consideração a importância dos EUA na geometria do poder politico mundial.
Ainda é cedo para analisar as consequências desta eleição em toda a sua extensão. Vai demorar algum tempo para avaliarmos em que medida a retórica populista de Trump vai-se materializar em acção politica. Mas podemos tirar uma primeira conclusão: há uma perigosa distância entre o sentir dos povos e a imagem que os meios de comunicação social e os intelectuais transmitem do mesmo. Esta circunstância retira credibilidade tanto à primeira como aos segundos. 
A eleição de Donald Trump como Presidente dos EUA, em quem eu jamais votaria, representa a vontade que o povo americano manifestou de provocar um “terramoto” no Sistema. Falta avaliar a magnitude deste “terramoto” e a dimensão dos danos que o mesmo irá provocar. 

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