PROTECÇÃO E SOCORRO: QUE FUTURO?
Sempre que há situações anómalas
no sistema de protecção civil no nosso país – e já houve muitas ao longo dos
últimos 15 anos – abre-se uma oportunidade para debater a evolução futura do
mesmo. Esta circunstância tem resultado, no essencial, na mudança de lideranças
nas estruturas dos serviços do Estado, tendo por missão cumprir a visão
política do Governo em funções. Para além destas mudanças de pessoas, o
paradigma deste sistema tem sido igualmente marcado pela mudança do
correspondente ordenamento jurídico.
Analisado o conteúdo do modelo
organizativo e operacional de protecção e socorro criado em 2006-2007 e no
essencial prosseguido até à data, julgo estar-se no momento ideal para avaliar
o mesmo, na perspectiva da construção segura da sua evolução futura.
Para o sucesso deste desígnio são
necessários alguns pressupostos, a saber:
1º Vontade e coragem política do
Governo, para escolher caminhos sustentados em experiência e conhecimento,
capazes de construir um projecto, técnica e politicamente ambicioso, com
horizonte de execução de médio prazo.
2º Vontade e sentido de
responsabilidade dos autarcas para, no final de mandato e na proximidade de
novas eleições autárquicas, incluírem a temática da protecção e socorro no inventário
dos objectivos relevantes a atingirem nos próximos anos, pondo fim à recorrente
secundarização para que, na sua maioria, os candidatos a autarcas remetem as
questões relacionadas com a protecção e socorro, até à próxima tragédia.
3º Audácia e iniciativa da parte
dos representantes dos agentes do sistema, em especial dos Bombeiros, capazes
de elaborar propostas consistentes e inovadoras, que rompam com o imobilismo
estratégico em que parecem estar enredados.
4º Envolvimento activo das
instituições de investigação técnica e científica, com competências específicas
em domínios com interesse para a prossecução dos objectivos fundamentais do
sistema.
Estes quatro pressupostos são
naturalmente difíceis de implementar, uma vez que eles exigem a maior
dificuldade com que toda esta problemática se confronta, isto é a mudança de
mentalidades. Há demasiadas verdades instaladas, há receio na discussão do
contraditório, há demasiadas amarras e dependências, há défice de conhecimento,
há medo do que é novo …
Apesar de tudo isto vale a pena
tentar que se abra o debate. E a pergunta impõe-se: Protecção e Socorro: Que
futuro?
Pela minha parte não me demito de
avançar com algumas respostas para esta pergunta. Fica o desafio a quem me
quiser acompanhar nesta missão, livre de qualquer limitação (objectiva ou
subjectiva) e com a sempre renovada decisão de tomar a palavra, numa
matéria que a todos diz respeito.
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