A CULTURA DO MAL





Na edição de ontem do jornal i o pediatra Mário Cordeiro assina um interessante artigo, no qual aborda a problemática da proliferação de jogos virtuais e da influência destes na formação das crianças e adolescentes. Sem falsos moralismos mas com rigor analítico, o artigo alerta-nos para o conjunto de valores negativos que muitos dos referidos jogos veiculam.
“ Uma coisa era a violência nos desenhos animados dos anos 60. Não havia internet nem centenas de canais via cabo. Agora a vida de muitos adolescentes faz-se entre telemóveis, consolas e computadores. Estar com as pessoas, a família ou nas aulas é o ‘intervalo´ do grande recreio que é estar ‘ligado’ de olho no ecrã (às vezes em dois). Depois não nos queixemos…”
Um dos jogos que o autor evoca – cujo nome propositadamente omito, para não colaborar na sua divulgação – faz-se esta descrição absolutamente criminosa: “ Está preparado para atropelar pessoas de carro? Neste jogo você terá de ter o sangue-frio para conseguir atropelar o máximo de pessoas no menor tempo possível. Mas tome muito cuidado, pois se você bater com o carro contra os muros, prédios e outros carros, o seu ‘Houver’ vai diminuir e quando chegar a zero você perderá o jogo!”.
Aí está um pequeno exemplo de como se promove uma cultura do mal, incompatível com “um modelo educativo que se baseie na paz e na resolução pacífica dos conflitos”.
Não me resigno com a ideia de que é inevitável permitir que crianças e adolescentes estejam muitas horas do dia reféns de um ecrã a praticar atropelamentos, assassinatos, uso de armas e outras atrocidades.
Alguns perguntarão: mas como impedir que as crianças e adolescentes se viciem nestes estranhos entretinimentos, quando muitos dos seus educadores mais próximos se assumem como maus exemplos?
Pensemos!



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