O EFEITO DA EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR NA ACTIVIDADE DOS BOMBEIROS




Quem acompanha com atenção a actividade dos Corpos de Bombeiros (CBs) em Portugal sabe que a Emergência Pré-Hospitalar ocupa hoje uma significativa percentagem dos serviços prestados anualmente por este indispensável agente do Sistema de Proteção e Socorro. Pode mesmo dizer-se, sem qualquer raciocínio especulativo, que os CBs são o principal pilar em que se alicerça o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), embora este não se esgote naqueles.
O último Relatório da Actividade do INEM, referente ao ano de 2015, comprova-o expressivamente.
Para efeito desta reflexão tomo em consideração a evolução verificada nos últimos 5 anos (período de 2011-2015).
Assim constatamos que em 2015 o INEM, através do CODU, registou um total de 1 196 563 acionamentos de meios, o que representa um acréscimo de 56,5% comparando com os verificados em 2011.
Do total de accionamentos, 74,5% (891 576) mobilizaram a intervenção de ambulâncias (PEM+PR+NIMEM) com tripulações, na sua esmagadora maioria, dos CBs. Em 2011, o número de accionamentos do mesmo tipo de ambulâncias foi de 545 504 (-38,8%).
Para quem não saiba, importa explicar que as Ambulâncias PEM (Postos de Emergência Médica) são Ambulâncias de Socorro do INEM localizadas em entidades com as quais o referido instituto celebra Protocolos; Ambulâncias PR (Postos de Reserva) são Ambulâncias de Socorro cuja propriedade e as tripulações são de entidades com as quais o INEM celebra outro tipo de acordo; finalmente os NINEM são Ambulâncias de Socorro pertencentes às entidades detentoras de CBs que não têm protocolo de colaboração com o INEM, mas fazem serviços quando solicitados por este.
Voltando ao Relatório do INEM constata-se que, em 31 de Dezembro de 2015, dos 615 meios de emergência médica que o instituto dispunha, distribuídos geograficamente por todo o território do Continente, 457 eram Ambulâncias PEM + PR. Apesar do documento não explicitar qual o número de PEM e PR localizados em CBs, sabe-se que mais de 90% estão nestes.
Muito mais se poderá concluir duma análise detalhada do mencionado Relatório. Porem e em jeito de remate do texto, quero sublinhar que o peso crescente da intervenção dos CBs na Emergência Pré-Hospitalar constitui hoje um factor relevante para a organização e gestão das entidades detentoras dos CBs, que exige uma reflexão cuidada e projectada no médio prazo, em especial quanto ao inevitável nível de profissionalização que esta componente de missão já hoje possui, ou seja muito próximo dos 100%.
A crescente profissionalização dos recursos humanos afectos à missão dos CBs, está a mudar o paradigma da organização das Associações Humanitárias de Bombeiros no nosso país. Esta circunstância necessita de ser profundamente reflectida, para que a identidade destas instituições possa ser preservada, num quadro em que elas estão aceleradamente a mudar, assim como tudo à sua volta.



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