ENTRE BOMBEIROS, MEMÓRIA E MUDANÇA
É sabido que tenho um número
significativo de anos da minha vida ligados à estrutura de Bombeiros. Por ela
abdiquei de muitas oportunidades, vários cargos e algumas batalhas cívicas,
para me concentrar no compromisso que assumi com o que entendi serem os
superiores interesses dos Bombeiros Portugueses.
Hoje, com a distância que o tempo
proporciona e a serenidade de consciência potencia, não tenho mágoas ou
frustrações registados na minha memória.
Confesso que sinto um particular
gosto quando sou convidado por companheiros dos Bombeiros, para participar em
iniciativas e reflectir sobre uma realidade que conheço com
profundidade, dando assim o meu contributo para uma estrutura à qual me
sentirei ligado até ao fim da minha vida.
No passado sábado vivi uma dessas
situações. Por convite do comandante dos Bombeiros Voluntários da Povoa de
Santa Iria, António Carvalho, participei num Seminário evocativo do acidente
ferroviário ocorrido naquela localidade em 5 de Maio de 1986, do qual
resultaram 17 mortos e 80 feridos. Foi-me proposto reflectir sobre o tema
“Hoje, como seria? Estamos preparados? O que mudou?”
Não vou aqui reproduzir o que
disse na ocasião. Mas faço a síntese da conclusão que retirei do que disse.
Com os meios de que
dispunham e com o grau de conhecimento que o sistema possuía sobre como agir em
acidentes graves, o trabalho desenvolvido há 30 anos pelos Bombeiros foi
notável.
Hoje o país dispõe de um sistema
com doutrina, organização e liderança; os agentes, em geral, conhecem a sua
missão específica; os Bombeiros têm um nível de formação qualitativamente superior
e o material de que dispõem para o exercício da sua missão é tecnologicamente
muito mais evoluído; o sistema de emergência pré-hospitalar é uma realidade
operacional.
Estas e outras dimensões permitem
afirmar com clareza e sem hesitações: sim, porque muito mudou para melhor, há
capacidade para uma resposta mais eficaz e eficiente a acidentes graves ou
catástrofes.
Foi uma tarde agradável que
passei no passado sábado, entre Bombeiros, reflectindo os Bombeiros e a sua
missão, sem retóricas arrogantes ou ladainhas miserabilistas.
Ler e ouvir o autor deste apontamento sobre o "antes e o depois" sobre os Bombeiros portugueses, leva-nos, também, à reflexão do passado e comparar com o presente, sem deixar de pensar o que será o futuro dos Bombeiros Portugueses. Temos a certeza de que vão continuar a ser eficazes no cumprimento da sua missão. Já o mesmo não temos a certeza, sobre a eficácia da missão, que deveriam ter, os principais responsáveis dos Bombeiros portugueses. Bem haja, Dr. Caldeira.
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