A TRISTE NOVELA DOS MEIOS AÉREOS





A revista Visão, na edição do passado dia 7 de Abril, publicou um artigo assinado por Sílvia Caneco intitulado “ A enorme fatura dos Kamov”. Ao longo das quatro páginas do texto a autora desenvolve um conjunto de pertinentes interrogações, a propósito dum dossier que, no mínimo, é simplesmente triste.
“Entre aquisição, gestão, manutenção e reparação de seis helicópteros Kamov foram gastos, no espaço de dez anos, pelo menos 448,8 milhões de euros, o equivalente ao que as associações de bombeiros recebem do Estado em 13 anos e cerca de 17 vezes mais do que se gasta anualmente na prevenção dos incêndios florestais”. Está escrito neste artigo.
Embora sem a precisão dos números, todos os que acompanham há muitos anos a problemática dos incêndios florestais, conhecem o peso da fatura dos meios aéreos no custo global do dispositivo de combate.
A utilização de aeronaves no combate aos incêndios florestais constitui uma necessidade, reconhecida por todos os especialistas nesta matéria, em vários países do mundo. A questão que deve ser reflectida é a tipologia dos referidos meios, e o seu nível de complementaridade no combate desenvolvido por forças terrestres. Por outro lado, torna-se necessário definir, duma vez por todas, qual a estrutura tecnicamente habilitada para gerir estes meios, comprovadamente caros e envolvidos numa tortuosa teia de interesses.
Importa também chamar à discussão sobre as questões determinantes para uma decisão racional sobre este dossier (que meios? quantos? para operar em que circunstâncias? geridos por quem? com que custo-benefício aceitável?), os especialistas da Força Aérea Portuguesa. Nesta como em muitas outras matérias, tem havido um excesso de “especialistas de bancada”, com os resultados que estão à vista.
O texto publicado na Visão indicia que estamos na presença dum “caso de polícia”. Mas estamos também na presença duma questão técnica-operacional que exige uma adequada e definitiva avaliação. De preferência, no mínimo, com consequências para os próximos 10 anos.           

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