PODER DE PROXIMIDADE
Por convite de um ex-companheiro
de mandatos autárquicos na então freguesia de Agualva-Cacém e actual presidente
da Assembleia Municipal de Sintra, Dr. Domingos Quintas, iniciei uma pesquisa documental sobre o
período em que exerci o cargo de Presidente da referida Junta de Freguesia, faz
este ano precisamente 30 anos. O objectivo é escrever um texto alusivo, para
figurar num repositório de depoimentos de ex-autarcas sintrenses.
Esta circunstância permitiu-me
revisitar as actas das reuniões do executivo da autarquia a que presidi, bem como
outros documentos que possuo alusivos ao mencionado período da história da minha
vida.
O exercício de funções executivas
numa Junta de Freguesia, em regime de absoluto e total voluntariado não
remunerado, constitui uma experiência impar que marca todos aqueles que tiveram
esta oportunidade.
Nunca tive vocação para ser
profissional da política nem angariar influência ou emprego através de um
partido. Mas orgulho-me muito dessa experiência autárquica, num tempo em que
ser Presidente da Junta de Freguesia mais populosa do país, era ser mediador de
conflitos pessoais (divórcios, disputa de partilhas, desavenças de vizinhos,
etc) e sociais (lutas sindicais, desemprego de agregados familiares, faltas de
casa para habitação, falta de meios financeiros para aquisição de medicamentos,
etc).
Este poder de proximidade,
permitiu – e continua a permitir, embora hoje com mais condições para o efeito
– resolver problemas de muita gente.
Recordo-me que todos os dias da
semana chegava ao Cacem pelas 20 horas vindo do meu emprego e só saía da Junta
pelas 2 ou 3 horas da madrugada. Pelas 8 horas da manha do dia seguinte lá ia a
caminho do emprego, numa rotina cansativa mas sempre entusiástica, porque o
conteúdo dos dias era sempre diferente.
Sim foram tempos memoráveis que
fui agora convidado a reviver através da escrita, facto que me dá muito gosto,
porque me fez recordar uma parte do património da minha intervenção cívica,
nomeadamente no Poder Local Democrático.
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