ORÇAMENTISTAS




Nas colunas de opinião dos jornais e nos espaços noticiosos ou de comentário das televisões, abundam os feiticeiros do caos, os especialistas de qualquer coisa, os fanáticos dos mercados, os arautos dos negócios e os políticos sem pinga de vergonha.
Com arrogância intelectual e total desprezo pela dignidade nacional, todos estes “orçamentistas” vaticinam crises, desejam resgates e fazem fretes aos senhores desta Europa, sedeados em Bruxelas.
Em causa, o esboço de Orçamento de Estado elaborado pelo Governo que tomou posse há precisamente 70 dias, e que só amanhã terá a sua versão final aprovada em Conselho de Ministros.
No meio de toda esta histeria, ainda há vozes empenhadas em ajudar a opinião pública a não se contaminar por esta espécie de cruzada contra o nosso país. É o caso do jornalista e economista Nicolau Santos, que no passado sábado escreveu no Expresso o que seguidamente transcrevo, para quem não leu:
“O Orçamento do Estado para 2016 é a grande batalha que neste momento o Governo tem pela frente. Bruxelas, que amochou perante as propostas orçamentais de França, Itália e Espanha, que desobedeceram frontalmente às suas diretivas, quer usar de novo Portugal como exemplo para todos os que não aceitam que o esmagamento do Estado social e os cortes em salários e pensões são a única saída da crise. Os eurocratas de cartilha neoliberal exigem assim uma redução do défice estrutural em 0,6%. Ora acontece, ponto um, que o indicador e a forma de o calcular são altamente discutíveis. E que, ponto 2, quando em 2015 o Governo PSD/CDS não só não cumpriu a redução de meio ponto do défice estrutural como apostou num défice de 2,7% quando a Comissão queria 2,5%, Bruxelas fechou pudicamente os olhos. Por isso, este baço de ferro visa tão-somente encostar politicamente o Governo às cordas, para que os “maus” exemplos que desafiam a ortodoxia das couves de Bruxelas não medre”.
Sabe-se que o país tem problemas económicos e financeiros, que não serão nunca resolvidos por qualquer passo de magia. Mas defender que não há outra alternativa senão aceitarmos, submissos, os ditames dos funcionários da troika e dos seus chefes políticos, causa indignação a qualquer cidadão minimamente esclarecido e descomprometido.





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