A CRISE DOS JORNAIS




Comparando com outros países desenvolvidos, sabe-se que em Portugal sempre se leu pouco. Apesar disto, também neste domínio, na última década evoluiu-se significativamente no nosso país. Exemplo disto é a quantidade de novos títulos que são anualmente editados pelo nosso mercado livreiro, bem como os resultados de vendas verificado em feiras e livrarias.
Quanto aos jornais já não poderemos dizer o mesmo, uma vez que no mesmo período temos assistido a uma preocupante redução das vendas de exemplares em papel, dos títulos que sobreviveram à crise que atingiu toda a imprensa escrita em geral,
O tema dos jornais foi no passado fim de semana tratado em dois artigos de autores distintos noutros tantos jornais. É o caso do jornalista Dinis Abreu, no jornal Sol do passado sábado e de André Macedo, no editorial publicado na edição de ontem do Diário de Noticias.
“Ficaram pelo caminho diários e semanários com muitas histórias por dentro, abandonados por famílias que se cansaram de serem mecenas ou por banqueiros que puxaram o tapete quando lhes conveio”, lembra Dinis Abreu.
Por sua vez André Macedo defende que o problema está “no modelo de negócio – oferecer em vez de cobrar -, do rombo das receitas que isto provoca todos os anos com a inevitável erosão da qualidade (menos jornalistas, menos meios, menos capacidade para procurar informação em primeira mão) e da distorção/confusão/medo que tudo isto provoca”.
A crise dos jornais não sendo um fenómeno específico do nosso país, assume entre nós uma dimensão mais gravosa. É que não vão faltando apenas leitores. Vai faltando também, e cada vez mais, credibilidade jornalística. André Macedo põe o dedo na ferida ao escrever que “As empresas ainda não perceberam que pior do que ter sempre um bom jornalista à perna todo os dias é ter umas dezenas deles impreparados quando surge um problema grave que tem mesmo de ser esclarecido – sob pena de danos irrecuperáveis na reputação”. 
Como leitor diário de jornais, entristece-me ver este lento definhar da imprensa escrita, como veículo essencial de informação e formação para a compreensão do complexo mundo em que vivemos, enquanto jorram centenas de milhões de euros à volta da transmissão televisiva de jogos de futebol.
Há qualquer coisa nisto que me está a escapar! 



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