TEMPO DE PAIXÃO
A jornalista Leonor Xavier
publicou um livro, sob a chancela da editora Don Quixote, dedicado ao chamado “verão
quente”. Partindo do testemunho de 100 personalidades (50 homens e 50 mulheres)
de diversos sectores sociais e políticos, a autora procurou retratar o período
vivido em Portugal entre 11 de Março e o 25 de Novembro de 1975, dando ao livro
o titulo “ Portugal Tempo de Paixão”.
Amanhã comemoram-se 40 anos sobre
a data que marcou o fim do referido período de 9 meses de intensa luta
politica, no decorrer do designado PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Como muitos outros cidadãos da
minha geração, vivi intensamente o referido período. Com o distanciamento histórico que só o tempo permite, hoje sou
capaz de identificar os erros e excessos então cometidos. Sou capaz ainda de
reconhecer que o caminho a que o 25 de Novembro pôs travão, conduziria Portugal
a uma situação indesejável.
No entanto, decorridos 40 anos,
não tenho dúvida em classificar esse tempo vivido como um “Tempo de Paixão”. Vivia-se
a luta política pela paixão das convicções e com desprendimento de lugares ou
mordomias. A sociedade movimentava-se, nos bairros, nas aldeias, nas cidades e
no país, numa dinâmica bem diferente da apatia e resignação que caracterizam os tempos que correm. Nesses
meses de tumulto, começou a construir-se a nossa democracia e muitos de nós
fizemos um curso acelerado de cidadania activa e participativa, tanto os que estavam contra como os que estavam a favor.
Esta é a minha memória
qualitativa do 25 de Novembro de 1975.
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