ESTÚPIDA BUROCRACIA




Um interessante texto do jornalista Ricardo Garcia, publicado no Público de ontem, fez-me recordar o momento vivido há 24 anos, quando a minha filha, acabada de chegar aos 18 anos, recebeu em casa a comunicação do seu número de eleitor. Foi um momento que procurei que ela valorizasse, que compreendesse a luta que tantos travaram – alguns com sacrifício da própria vida – para que ela e todos nós possamos exercer livremente o direito de votar, no nosso país.
Voltando ao texto do jornalista do Público, ele insurge-se contra os termos pesadamente burocráticos da carta que foi dirigida ao filho, de 18 anos, comunicando-lhe o número de eleitor.
“ Em cumprimento do dever geral de notificação que impende sobre a Administração Pública, previsto no art.º. 114.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA)” o oficio-modelo informa o número de eleitor do referido jovem. Com esta forma tão pouco estimulante, conta o jornalista, o filho nem leu as primeiras linhas, deixou a carta sobre a mesa e disse ao pai “ depois leio”.

É sabido que a burocracia não se detém nestes detalhes. Quer lá saber se os jovens votam ou não, se dão importância ao facto de poderem fazer escolhas, através do voto. O que importa é cumprir o que o CPA diz. Seria certamente muito mais estimulante dirigir um ofício a um jovem recém-admitido à maioridade, valorizando o facto de ter assumido o estatuto de cidadania através do exercício do voto. Mas isto não é a missão da  estúpida burocracia.

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