ALBUFEIRA, DEUS E AS ASNEIRAS DOS HOMENS




No passado domingo Albufeira foi assolada por um forte temporal que gerou o caos na cidade. Alojamentos e estabelecimentos comerciais alagados; ruas transformadas em rios; automóveis, electrodomésticos e móveis arrastados pela enxurrada; uma praia em irreconhecível. Pior do que tudo isto, a morte de um homem com 80 anos, no interior do carro arrastado pelas águas.
Quem já testemunhou ao vivo a força destruidora da água quando invade o espaço urbano (como eu vi em 1983, na freguesia de Agualva-Cacem, exercia então funções de autarca) sabe avaliar o grau de destruição que uma cheia causa.
Mas as causas da cheia de Albufeira e da maioria das que ocorrem com esta gravidade, para além da “fúria demoníaca da Natureza” (de que falou o actual e futuro ex- Ministro da Administração Interna, professor Calvão Silva) estão identificadas. Construiu-se massivamente em leitos de cheia, impedindo-se assi que a água percorra os seus cursos naturais. E a água é implacável quando lhe criam obstáculos.
Podemos (e devemos) discutir a falta de sintonia entre os patamares nacional e municipal do nosso Sistema de Protecção Civil, em especial no domínio do processo de comunicação dos alertas. Podemos ( e devemos) discutir as fragilidades de muitas estruturas locais e municipais  para responder a ocorrências desta gravidade. Podemos (e devemos) discutir seriamente estas e muitas outras questões que carecem de ser analisadas. Mas o que verdadeiramente ficará por discutir e devíamos) são as barbaridades que se têm cometido sobre o território, em alguns casos com consequências dificilmente mitigáveis, a menos que se demolissem vastas zonas das cidades do país, o que se saber ser impraticável.
Resta-nos então recorrer a “Deus” face às “fúrias da natureza”, como aconselhou o actual futuro ex- Ministro da Administração Interna, quando se deslocou a Albufeira, na passa segunda feira.

Ai Portugal, Portugal !...

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