UM PORTUGUÊS EM TIMOR





Neste espaço no qual escrevo diariamente, procuro abordar temas de actualidade com impacto no nosso país ou no mundo. Porém, também tenho evocado nesta tribuna pessoas às quais me sinto ligado, por qualquer circunstância do meu percurso de vida.
Hoje evoco o Miguel Braga, que faleceu em Timor no final da semana passada. Conheci o Miguel quando participei na organização da Missão Humanitária que em 1999 se deslocou para Timor, em apoio daquele povo irmão. Ele era Chefe dos Bombeiros Voluntários de Carvalhos e foi um dos muitos bombeiros portugueses que se ofereceram como voluntário, na altura, para integrar a referida Missão.
Desde que chegou a Timor, o Miguel nunca mais deixou aquela que considerava a sua “Pátria de adopção”.
Ali desempenhou um papel decisivo na consolidação do trabalho realizado pelos bombeiros portugueses, nomeadamente nos corpos de bombeiros criados naquele país. Mas deve-se também ao Miguel o apoio prestado na organização dos serviços de protecção civil de Timor, sendo adjunto do responsável do Governo timorense por esta área.
O trabalho desenvolvido pelo Miguel ao longo destes 15 anos foi reconhecido pela Liga dos Bombeiros Portugueses e pela Câmara Municipal de Gaia, que o distinguiu com o Crachá de Ouro e com a Medalha de Mérito Municipal, respectivamente. Infelizmente o Estado português nunca entendeu que este português em Timor merecesse uma condecoração nacional. Afinal o Miguel não era nenhum notável, não tinha influência política. Era apenas um valoroso Bombeiro que entregou os últimos 15 anos da sua vida a uma causa, que dignificou Portugal e os portugueses.
O Miguel morreu, contando apenas com o apoio possível de alguns amigos e, assim parece, um certo abandono das autoridades timorenses.

Recordo aqui o Miguel, um bombeiros português, com um enorme coração e um elevado sentido de dever, formulando votos de que, agora que morreu – como é má tradição em Portugal – lhe façam justiça pelo muito que fez nas longínquas terras de Loro Sae.  

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