QUINZENA DE AGOSTO
Estou de volta ao Repórter Caldeira, após três semanas de
descanso. Para além da praia e das caminhadas com o mar por horizonte, dois
livros acompanharam-me nestes dias: "O que o dinheiro não pode comprar" do
filósofo político norte-americano Michael J. Sandel e "Nó Cego" de Carlos
Vale Ferraz. O primeiro aborda a temática dos limites morais dos mercados e o
segundo relata histórias de militares no decorrer da guerra colonial em
Moçambique. Falarei de ambos um dia destes.
Quanto ao espaço mediático – que
apesar de férias acompanho com atenção – a quinzena ficou marcada por alguns
episódios grotescos: as mensagens enviadas ou não por Jorge Jesus aos jogadores
do Benfica, nos dias que antecederam a final da supertaça, ganha pelo Sporting
– agora treinado por JJ – contra o meu Benfica; os cartazes da pré-campanha do
PS e do PSD e a utilização de imagens de pessoas, sem qualquer relação com os
respectivos partidos e as mensagens veiculadas nos mesmos; um inquérito online onde o Presidente da Republica e
Primeiro-Ministro de Portugal aparecem entre os “ mais sexy do Mundo”.
Depois mais a sério: a discussão
entre o Governo e a oposição sobre os números divulgados pelo INE a propósito
da chaga do desemprego e sua interpretação; a tragédia dos incêndios que
continuam a agredir o território e as pessoas, em especial do interior deste
país; o drama dos migrantes que continuam a morrer no Mediterrâneo; duas
grandes explosões numa área de armazenamento do porto de Tianjin, na China, que
mataram mais de uma centena de pessoas, feriram mais de 700 e estão desaparecidas
95, 85 das quais bombeiros.
Estes são apenas exemplos das
matérias noticiosas que preencheram páginas e páginas de jornais, horas e horas
de emissões televisivas, nuns casos em manifesta demonstração do nível de
mediocridade a que chegou uma boa parte dos meios de comunicação em Portugal,
noutros casos como expressão da falta de debate sério e esclarecido sobre os
temas que dominam a vida das pessoas e dos povos.
No que concerne à política
portuguesa, continua a pré-campanha para as eleições para a Assembleia da
República, que se realizam no país no próximo dia 4 de Outubro, bem como para
as Presidenciais de Janeiro de 2016.
A propósito das eleições de 4 de
Outubro, no passado sábado, lá para o Pontal – onde se reuniu a fina flor do
poder instalado neste rectangulo do extremo sudoeste da Europa –, o líder do
PSD pediu aos portugueses que votem “com o coração”. A este apelo, eu
acrescento “e com a cabeça”. Isto é, votem com o coração e com a cabeça. É que
deste modo têm menos hipóteses de votarem sem memória e, assim, premiarem quem
nos últimos quatro anos tirou 7,6 mil milhões de euros ao rendimento dos
salários e deu 2.6 mil milhões de euros ao rendimento do capital.
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