“FOGUETES” PREMATUROS





Sempre que vejo a divulgação de balanços comparativos com anos anteriores, relativos a matérias de segurança interna fico preocupado, em especial quando as mensagens veiculadas valorizam aparentes melhorias de resultados, sem a adequada contextualização. É assim com as análises dos incêndios florestais, da criminalidade e dos acidentes rodoviários.
Nos últimos anos foi profusamente evidenciada a redução do número de acidentes rodoviários e de vítimas destes resultantes. Sem o adequado enquadramento criou-se na opinião pública a ideia de que as causas motivadoras deste grave problema do sistema de segurança interna, estavam em vias de solução.
Segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) de 1 de Janeiro a 15 de Agosto registaram-se 74 321 acidentes, mais 3634 do que em 2014 e mais 4260 que 2013, em igual período. O número de mortos (no local ou a caminho do hospital) foi de 301, mais 31 que no período homólogo do ano anterior e mais 6 que em 2013. Os feridos graves foram 1338, mais 70 do que 2014 e mais 179 que em 2013. Finalmente quanto aos feridos leves, no período verificaram-se 22.263, mais 196 que em 2014 e mais 434 que em 2013.
Depois de quatro anos de crise económica e da consequente redução no número de veículos em circulação, nota-se nos últimos meses um significativo aumento de automóveis nas estradas. É certo que é prematura qualquer avaliação do ano quanto a esta matéria, mas os sinais indiciam que, afinal, as causas deste problema estão longe de estarem mitigadas.
Esta situação, só a titulo de exemplo, aconselha que os responsáveis da administração interna (aos vários níveis) evitem fazer balanços triunfalistas em matérias cujas causas não podem ser disfarçadas por variáveis conjunturais, que acabam sempre por desmentir os “foguetes” prematuros, lançados, quase sempre, por imperativos de propaganda.   


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