INCÊNDIOS DE JORNAIS





Analisando as notícias publicadas em jornais ao longo dos anos, relativas ao período de maior risco de incêndios florestais – coincidente com os meses de verão – constata-se a tendência para a utilização de títulos e manchetes carregadas de alarmismo e, muitas vezes, contraditórias com a matéria tratada no corpo da notícia.
Exemplo disto é o título de primeira página da edição de ontem do jornal i. Com um fundo negro e letras abertas a branco, podia ler-se: “ Incêndios: O PIOR ANO DE SEMPRE”.
Ainda na primeira página, justificava-se o título: “ Temperaturas acima do normal até Setembro; Pouca humidade e florestas cheias de combustível; Máquinas agrícolas sem sistemas de retenção de fagulhas não podem ser usadas”.
Na página seguinte, novo título: “ Fogos. Verão de 2015 em risco de se tornar num dos piores de sempre”. Conclusão: o título da primeira página é diferente do título utilizado para o desenvolvimento da notícia.
Indo à matéria de facto, estamos na presença de um verão com condições expectáveis que apontam para um significativo aumento do risco de ocorrência de incêndios, em especial face às previsões meteorológicas disponíveis Mas as demais condições para o desenvolvimento de incêndios cada vez mais violentos, não são novas e verificam-se desde há muito, a saber: despovoamento do interior, envelhecimento da população rural e acumulação de carga combustível, entre outras.
Há razões para preocupação. Mas também há razões – muitas razões – para confiar na capacidade de resposta do dispositivo de combate. E neste domínio é sério reconhecer que se evoluiu muito. 
Em sentido contrário, a política de prevenção e ordenamento florestal continua a revelar um indisfarçável fracasso.
Fica então o registo do despropósito da manchete do jornal i. Mas fica também demonstrado que para além dos incêndios nas florestas também há incêndios de jornais, quando estes optam pelo sensacionalismo para captar leitores. E isto é lamentável!  








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