A NOSSA CASA COMUM
Na passada semana foi apresentado em Roma o texto da Encíclica "Lauredato Si" da autoria do Papa Francisco. Neste importante documento, com cerca de 200 páginas, é feita uma profunda análise ao modelo de desenvolvimento adoptado à escala global e às consequências do mesmo para a Humanidade.
Li com muita atenção este documento e concluo que ele certamente interessa a todos, católicos os não, dada a coragem com que aborda temas críticos da actualidade.
Deixo ao leitor duas transcrições e convido-os a procurarem o texto integral e a lê-lo:
«Somos chamados ao trabalho desde a nossa
criação. Não se deve procurar que o progresso
tecnológico substitua cada vez mais o trabalho
humano: procedendo assim, a humanidade prejudicar-se-ia
a si mesma. O trabalho é uma necessidade,
faz parte do sentido da vida nesta terra,
é caminho de maturação, desenvolvimento humano
e realização pessoal. Neste sentido, ajudar
os pobres com o dinheiro deve ser sempre um
remédio provisório para enfrentar emergências.
O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes
uma vida digna através do trabalho.
Mas a orientação da economia favoreceu um tipo
de progresso tecnológico cuja finalidade é reduzir
os custos de produção com base na diminuição dos postos de trabalho, que são substituídos
por máquinas. É mais um exemplo de como a
acção do homem se pode voltar contra si mesmo.
A diminuição dos postos de trabalho «tem também
um impacto negativo no plano económico
com a progressiva corrosão do “capital social”,
isto é, daquele conjunto de relações de confiança, de credibilidade, de respeito das regras, indispensável
em qualquer convivência civil.»
«O bem comum pressupõe o respeito pela
pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais
e inalienáveis orientados para o seu
desenvolvimento integral. Exige também os
dispositivos de bem-estar e segurança social e o
desenvolvimento dos vários grupos intermédios,
aplicando o princípio da subsídiariedade. Entre
tais grupos, destaca-se de forma especial a família enquanto célula basilar da sociedade. Por fim,
o bem comum requer a paz social, isto é, a estabilidade
e a segurança de uma certa ordem, que
não se realiza sem uma atenção particular à justi-
ça distributiva, cuja violação gera sempre violência.
Toda a sociedade – e, nela, especialmente o
Estado – tem obrigação de defender e promover
o bem comum.»
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