A AMEAÇA DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS
Portugal foi o país da Europa mais afectado pelos incêndios
florestais, no período entre 2000 e 2013, tanto em número de ignições como em
valores de área ardida.
Esta constatação, já evidenciada
em estudos realizados anteriormente, foi agora renovada através das conclusões
de um trabalho realizado pelos investigadores Mário Gonzalez Pereira e Mallik
Amraoui, do Centro de Investigação e de Tecnologias Ambientais e Biológicas
(CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Num estudo que se debruçou
sobre os incêndios ocorridos nos países da bacia mediterrânica (Espanha,
Itália, Grécia, França e Portugal) no período de 2000 a 2013, os referidos investigadores
analisara 19.000 incêndios ocorridos no conjunto dos referidos países, com o
objectivo essencial de conhecer as dinâmicas do fogo e caracterizar o tipo de
vegetação que mais arde.
Segundo este trabalho de
investigação, do total dos incêndios estudados, 53,4% (mais de 10.000)
ocorreram em Portugal Continental. Quanto à área ardida, do total de 3,5
milhões de hectares ardidos nos cinco países estudados, 1,3 milhões de hectares
(37,7%) foram no nosso país. Ora se tivermos em consideração a dimensão de
Portugal Continental, este valor de área ardida corresponde a 14,7% do
território nacional.
O mesmo estudo concluiu que um em
cada quatro incêndios florestais, a norte do rio Douro, ocorre em áreas já
queimadas nos dez anos anteriores.
Tendo presente as conclusões do
especialista em Alterações Climáticas Filipe Duarte Santos, o cenário que se
perspectiva para Portugal, no que se refere a incêndios florestais, aponta para
o aumento do risco de Incêndio, não apenas nos messes de verão.
Num momento em que se aproxima a
fase Bravo do dispositivo, importa ter consciência de que a ameaça dos
incêndios florestais mantem-se e que não nos devemos resignar com os milhões injectados
no sistema.
Os diagnósticos estão feitos. As
medidas de minimização do risco continuam a ser insuficientes e ineficazes, uma
vez que falta uma estratégia a montante do combate. E quando assim é só resta
investir neste e rezar à senhora de Fátima. É o que continuamos a fazer, razão
porque estamos no indesejável topo da Europa no que concerne a área ardida e ao
número de ignições.
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