UMA NOITE MEMORÁVEL




A edição de ontem do Expresso Diário iniciou a publicação de uma série de textos evocativos das primeiras eleições livres realizadas em Portugal, após o 25 de Abril de 1974. Foi precisamente há 40 anos, a 25 de Abril de 1975.
Lembra o referido texto que às zero horas de 2 de Abril de 1975 iniciou-se a campanha eleitoral e de imediato as ruas de Lisboa e dos concelhos limítrofes encheram-se de brigadas de colagem de cartazes alusivos a este acto eleitoral.
Esta notícia iluminou-me a memória. Sim eu integrei uma equipa de colagem de cartazes do MDP-CDE que durante toda a noite percorreu várias freguesias do concelho de Sintra. Recordo essa noite memorável. Cheguei a casa às 6 horas da manhã, com o corpo moído mas sem sono. Tomei um duche, mudei de roupa e saí a caminho do emprego, em Lisboa. Já na estação do Cacém e enquanto o comboio não chegou pus-me a olhar a mancha de cartazes que na noite anterior tinha colado. E que orgulho senti. Tinha tido a oportunidade de participar na primeira campanha eleitoral para uma eleição em liberdade, no meu país.
Este foi o primeiro momento da intensa militância politica que desenvolvi com muita paixão, até ao início da década de 90.
Voltando a essa noite memorável, revejo-me com um grande balde de cola numa mão e cartazes na outra, cantando as canções de intervenção da época, em coro com os demais. Tanto romantismo naquele gesto, tanto idealismo e desprendimento material, tanto sonho e tantos equívocos, também.

Não sei se voltarei a colar cartazes políticos, mas tenho a certeza de que até ao fim da minha vida jamais serei apolítico. 

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