CALAMIDADE NO NEPAL
“São os edifícios que matam as
pessoas, não são os terramotos”. Esta afirmação, da autoria de James Jackson,
chefe do departamento de ciências da terra na Universidade de Cambridge,
alerta-nos para o caracter decisivo da qualidade do edificado no domínio dos
danos materiais e humanos provocados por crises sísmicas.
No passado sábado, o Nepal foi
flagelado por um terramoto de grau 7,8 na escala de Richter, seguido de
numerosas réplicas. Segundo o mais recente balanço estão confirmados mais de 5
mil mortos e 10 mil feridos, mas as autoridades locais estimam que o número de
mortos pode ascender a 10 mil. De acordo com informações veiculadas pela ONU
oito milhões de nepaleses, entre as quais um milhão de crianças, precisam de
assistência humanitária.
Uma semana antes, uma equipa
liderada por Laurent Bollinger, que pertence à Comissão para a Energia Atómica
e Alternativas, um instituto francês de investigação, ao analisar os registos
históricos dos terramotos no Nepal concluiu que era previsível ocorrer um sismo
no local onde ocorreu o sismo de sábado.
Na capital Katmandu estima-se que
foram destruídas 100 mil casas, para além de inúmeros monumentos históricos
centenários, classificados como património da Humanidade.
Em declarações ao Expresso
Diário, a sismóloga da Universidade de Lisboa Susana Custódio considera que
existem algumas razões para o sismo ter provocado tantos danos, como a
resistência dos edifícios, que "é fraca", e ainda a profundidade a
que ocorreu o tremor de terra, que foi "baixa, ou seja, muito superficial".
Há que contar ainda com o facto do solo na zona a sul de Katmandu ter uma
camada significativa de sedimentos que amplifica as ondas sísmicas, tornando a
vibração do solo "ainda mais intensa".
As equipas de resgate e
salvamento, que estão a atuar no terreno, lutam desesperadamente contra o tempo
em condições muito adversas, como são o bloqueamento de acessos e as falhas de
comunicações.
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