A DURA REALIDADE DA POBREZA




“ Os pobres não têm para dar. Os ricos não querem dar. Onde se vai buscar?”. Esta foi a resposta dada, há cerca de 3 anos, por um elemento da Troika quando foi questionado pelo Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, a propósito da destruição da classe média, concretizada pela receita de austeridade que o triunvirato FMI-BCE-EU impôs a Portugal.
Ontem foi divulgado o Relatório da Crise da Cáritas Europa 2015, intitulado “ O Aumento da Pobreza e das Desigualdades”, no qual se constata que Portugal foi o país que teve o maior aumento da taxa de risco de pobreza e exclusão social no último ano, com uma subida de 2.1 pontos percentuais para 27,5%.
Vale a pena ler este documento elaborado por peritos que analisaram dados dos setes países da União Europeia (EU) mais atingidos pela crise, combinando números oficias do Eurostat e dos institutos nacionais de estatística com a informação recolhida pela rede europeia da Cáritas. 
Numa passagem do Relatório pode ler-se: “ A política de exigir aos países com sistemas de protecção social mais fracos que imponham consolidação orçamental e vagas sucessivas de medidas de austeridade com calendários muito curtos está a colocar o ónus dos ajustamentos nos ombros das pessoas que não criaram a crise na Europa e que têm menos capacidade para suportar esse fardo”.
A propósito deste relatório, Eugénio da Fonseca defendeu ontem que é preciso assegurar de “uma vez por todas e sem qualquer preconceito” um rendimento mínimo para todas as pessoas que lhes permita “viver com dignidade” e reduzir as desigualdades “ criando emprego a médio prazo”.
A esta evidência o Governo responde com a exaltação dos seus trágicos méritos e a oposição tarda na desmontagem deste embuste e na explicação de caminhos alternativos em que os cidadãos acreditem, porque desejáveis e viáveis.

PS: Ainda não analisei o conjunto das propostas para a década que o PS anunciou na passada terça-feira. Não quero dar opinião sobre um documento feito por um grupo de qualificados economistas sem primeiro reflectir sobre ele. Voltarei a este assunto num dos próximos dias, com a autonomia e a independência de espirito que quero assumir.


  

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