POLITICA E POLITíCOS
“Prós e Contras” é um programa de
análise e debate de temas da actualidade, transmitido em directo à
segunda-feira à noite na RTP1 e dirigido pela jornalista Fátima Campos
Ferreira.
Ontem questionou-se a “confiança
ou a falta dela como valor político essencial” e “o que pensam os portugueses
da política e dos políticos”, no contexto do ambiente pré-eleitoral que já se
vive. Recordo que lá para Outubro deste ano seremos chamados a eleger os
deputados para a Assembleia da República, eleição da qual resultará um partido
vencedor que constituirá Governo, para uma nova legislatura.
Ao fim de duas horas de debate o
espectador menos avisado pode ter retirado uma conclusão perigosa: em Portugal
e na Europa a politica e os políticos estão em crise, porque conduziram os
respectivos povos a crises, com consequências devastadoras para estes.
Esta conclusão é perigosa porque
estimula a ideia que começa a fazer escola na sociedade portuguesa de que “são
todos iguais” ou “ isto é tudo a mesma coisa”.
Prefiro ver as coisas de outra
forma. É verdade que vivemos um tempo deficitário de agentes políticos de
qualidade. É verdade que proliferam por aí múltiplos “vendedores do templo”,
virados de costas para os interesses nacionais e de frente para os seus
negócios, explícitos ou implícitos.
Mas isto não nos deve demitir de
procurar homens e mulheres que possam acrescentar valores e valor ao serviço da
coisa pública. Devemos acreditar que há mais país para além dos partidos políticos
tradicionais, razão porque estes têm de ser forçados a mudarem de paradigma,
tanto os de direita como os de esquerda, incorporando na sua dinâmica funcional
mais cidadania e menos máquina e clientela.
Hoje não tenho partido, mas
considero os partidos indispensáveis à democracia, nem acredito nela sem eles.
Mas penso também que urge criar mudanças no conteúdo ideológico e nas práticas
dos partidos, de modo a que os cidadãos acreditem que eles são solução e não os
considerem parte do problema.
O “Prós e Contras” de ontem não
respondeu às duas questões propostas como mote para o debate. Tentou, mas não
conseguiu. Mas elas mantêm-se a pairar sobre a nossa cabeça colectiva.
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