A (DES) CONFIANÇA DOS CIDADÃOS
Confúcio, um dos mais importantes
pensadores da cultura oriental, defendeu uma doutrina baseada na convicção de
que é possível aos indivíduos viver em harmonia, mediante a adopção de um
conjunto de comportamentos e preceitos morais, com destaque para os princípios
da lealdade e da confiança.
Na obra Diálogos de Confúcio o
filósofo escreveu: “Se o povo for conduzido apenas por meio de leis e decretos
impessoais e se for trazido à ordem apenas por meio de punições, ele apenas
procurará evitar a dor das punições, evitando a transgressão por medo da dor.
Mas se ele for conduzido pela virtude e trazido à ordem pelo exemplo e pelos
ritos em comum, ele terá o sentimento de pertencer a uma colectividade e o
sentimento de vergonha quando agir contrário a ela e, assim, bem se comportará
de livre e espontânea vontade.”
Nas ruas, nos transportes
públicos, nos locais de trabalho, nos restaurantes e nos estabelecimentos
comerciais, um pouco por todo o lado, cresce o clamor das pessoas contra as
instituições e contra os políticos.
A desconfiança instala-se e, com
ela, desacredita-se o regime democrático. Vivemos tempos de raiva.
Todos os dias surgem casos,
investigações, processos e condenações no tribunal da opinião pública,
induzidos pela opinião publicada.
De repente instalou-se um clima
de perseguição, de acusações persecutórias e de julgamentos pré-sentenciados.
Toda a sociedade está
contaminada, todos desconfiam de todos e ninguém confia em nada e em ninguém.
Neste anunciado período de pré-campanha
para a eleição de deputados e a constituição de um outro Governo, urge
enriquecer o debate com ideias. Torna-se urgente criar condições para que os
cidadãos confiem nos dirigentes que elegem.
Mas para que esta emergência se
concretize positivamente é necessário que os actores políticos actuem com
nobreza de carácter.
O país precisa de mudar e os
portugueses também. Os cidadãos precisam de acreditar na confiança enquanto
valor estruturante da nossa vida, precisam de se libertar do medo de existir.
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