VELHOS PROBLEMAS + NOVOS PROBLEMAS
Nos últimos dois meses tem-se
registado o agravamento da situação nos Centros de Saúde e nas Urgências
hospitalares, um pouco por todo o país. Pode mesmo dizer-se que em alguns casos
o caos esteve (e continua) instalado no Serviço Nacional de Saúde.
O diagnóstico está feito. A
política de austeridade forçou a uma redução drástica de recursos humanos, com
médicos e enfermeiros a sair do país ou a trocarem o público pelo privado.
Camas hospitalares ocupadas por idosos a aguardar vaga na rede de cuidados continuados.
Falta de medicamentos, com pessoas a morrer por essa razão. Estes são apenas
alguns dos males de que padece o SNS, tal como hoje funciona.
Porém e para além das
inquestionáveis responsabilidades do actual governo na degradação da situação,
é justo reconhecer que o SNS tem problemas associados que já vêm de trás.
Apesar de ser um critico do governo de Pedro Passos Coelho, acho que é de
elementar honestidade intelectual identificar velhos problemas, para além dos novos
problemas que lhe foram associados.
Desde há já alguns anos que se
retarda um investimento sério e empenhado nos Cuidados de Saúde Primários. Daí
o sistema estar cada vez mais “urgentocentrico”, como oportunamente alguém o
classificou no debate realizado na passada segunda-feira, sobre este tema, no
programa da RTP “Prós e Contras”.
Pelo que os 82 Serviços de
Urgência existentes no país, acabam por assumir o papel de porta principal de
acesso dos cidadãos à prestação de cuidados, desvirtuando deste modo a missão
destes e exercendo sobre eles uma pressão desestabilizadora.
Por outro lado a evolução do
perfil sociológico da população, fortemente pressionado pela crise económica e
pela problemática do envelhecimento, não tem sido devidamente equacionado no
processo de planeamento das infraestruturas de saúde e da sua organização.
É largamente consensual que o SNS
é um dos melhores produtos da nossa democracia. Mas uma vez que se está a
degradar e em risco de entrar em colapso, urge que ganhemos consciência disto e
assumamos as nossas responsabilidades como cidadãos, levantando a voz e agindo
em sua defesa.
Os números são importantes, desde
que postos ao serviço das pessoas. Considerados isoladamente, assumem a
condição instrumental de balas que matam, impunemente. E isto é inaceitável!
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