A PROPÓSITO DO CARNAVAL
Segundo reza a história o Carnaval começou a ser comemorado
pelo povo grego em 600 a.C como forma de agradecimento aos deuses pelas boas
colheitas. Só mais tarde esta comemoração foi adoptada pela Igreja Católica. O
Carnaval era designado como "adeus à carne”, marcando a proximidade do jejum
pascal.
São muitas as tradições de Carnaval em Portugal. Muitas
pessoas mascaram-se, encarnando um personagem, de natureza profissional,
política ou outra. Nos desfiles de Carnaval, com particular destaque para o de
Torres Vedras, justamente classificado como o “Carnaval mais português de
Portugal”, as matrafonas e outras espécies extravagantes são ponto de atracção
para milhares de pessoas.
Bom falei-vos do Carnaval dos outros. Mas falando agora do
meu, declaro que não gosto desta época. Acho-a absurda. Gosto de ver pessoas
felizes, mas sem máscaras. Aliás detesto máscaras. Sei que convivemos com elas
todos os dias. Sei que essas, as de todos os dias, são socialmente aceites, de
tal forma que quem não as usa, quase que é tratado como extra-terrestre. Sei
que no Carnaval da vida, a máscara é muitas vezes uma forma de sobrevivência.
Sei, também, que a máscara é o alibi para os falsos amigos, para os interesseiros,
para os desmemoriados e para os hipócritas.
É por tudo isto que não gosto do Carnaval. Compreendo que
os gregos tivessem inventado esta época para celebrar os deuses. Mas o Carnaval
dos nossos tempos serve para celebrar a mentira, a frustração, a alegria efémera,
o disfarce e a frustração.
“Por detrás de cada mascarado, há uma alma desejosa de ser
uma coisa ou qualquer coisa, sem ser coisa alguma”, já dizia o meu avô. Não gosto de generalizações, mas a verdade é que – com o
devido respeito por quantos pensam de modo diferente – há medida que os anos passam mais razão dou ao
meu avô.
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