A CRISE DA ÁGUA NO BRASIL




Em Julho de 2004 participei num Seminário Nacional de Bombeiros (SENABOM), no âmbito do qual foi consagrada a primeira direcção da LIGABOM, Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, organização que em Dezembro de 2003 ajudei a fundar, como Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, colaborando com o então Comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Coronel Carlos Alberto de Carvalho, primeiro Presidente da LIGABOM.
No âmbito do SENABOM assisti a uma conferência sobre a gestão dos recursos hídricos. Neste evento um dos oradores previu que, no futuro, a água será a causa principal de conflito entre nações.
Nunca mais me esqueci desta afirmação que, confesso, na altura me pareceu bastante catastrofista.
Passado mais de um década, analisando estudos da comunidade científica e muitos dos relatórios de situação que os centros de análise de segurança vão produzindo, entende-se que o risco de conflitos pela escassez de água, constitua um cenário com elevado grau de previsibilidade, em vários pontos do mundo.
Há alguns meses que o Brasil enfrenta a mais grave seca desde há 84 anos. O Estado de São Paulo é o mais afectado, com o principal reservatório a funcionar a 60% da sua capacidade. Entretanto a crise da falta de água já se manifesta também em Minas Gerais, Espirito Santo e Rio Grande do Sul.
Recorda-se que o Brasil é o primeiro país do mundo em disponibilidade hídrica em rios, com o maior rio em extensão e volume, o Amazonas.
As causas desta situação de escassez são muito diversificadas. Uma delas tem a ver com o desperdício.
O indíce de  desperdício de água considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde é de 15%. Ora segundo dados de 2013, o referido indíce atinge os 37% no Brasil, largmente superior aos indices de países como os Estados Unidos da América (15%) e o Japão (7%).
Finalmente registo a conclusão do geologo especialista em recursos hídricos,Roberto Kirchheim, num relatório que li a propósito da escassez de água no Brasil: “ Mesmo que chova muito acima da média durante cinco anos e os reservatórios voltem a ficar totalmente  cheios, nada vai ser com antes”.



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