SIM, SOMOS TODOS CHARLIE!



Eram 11 horas da manhã de ontem. Estava no café para beber a bica da manhã. No televisor é anunciado um directo do quartel da Policia de Paris, para cobrir a cerimónia de homenagem às 12 vítimas assassinadas no ataque ao jornal Charlie Hebdo, através de um minuto de silêncio, respeitado em várias cidades de França. No café estava pouca gente. Na mesa ao meu lado, no momento em que a evocação se iniciou, um casal levantou-se. Decidi fazer o mesmo. Quando o minuto terminou, eles sentaram-se e eu também. Poucos minutos depois levantei-me para sair e olhei o casal com o qual me tinha acabado de solidarizar, no seu bonito gesto. O homem com voz grave disse-me: “Somos todos Charlie”. Respondi: “Sim, hoje e todos os dias”. Saí e fui à minha vida.
Nas primeiras páginas dos jornais de ontem a frase foi massivamente repetida: “Somos todos Charlie”.
As manifestações de repúdio pelo ataque terrorista executado por dois fundamentalistas contra um jornal, espalharam-se por vários pontos do mundo, nomeadamente no nosso país, sublinhando que está em causa a necessidade de defesa da liberdade de imprensa e de expressão, bem como a liberdade religiosa.
Os Estados estão hoje confrontados com uma séria ameaça à segurança das respectivas sociedades, face à proliferação de fundamentalismos religiosos. Para enfrentar com êxito este desafio é preciso melhorar a organização dos dispositivos de segurança e defesa; é preciso formar a consciência dos cidadãos para que adoptem, naturalmente, comportamentos de auto-protecção; é preciso difundir uma cultura de tolerância, sem impunidade; é preciso evitar que se instale o medo; é preciso agir e reagir.

Nestes dias de perplexidade e de indignação, todos temos de impedir que a barbárie se instale!


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