HISTÓRIAS DEBAIXO DE ÁGUA




Ontem, após a reunião de direcção do Centro de Estudos e Intervenção em Protecção Civil (CEIPC), tive um almoço diferente. O tema foi os submarinos. Não os do Dr. Paulo Portas, mas os submarinos Barracuda (abatido ao serviço em 2010) e Albacora (abatido ao serviço em 2000), precisamente históricos da Marinha Portuguesa, onde dois dos meus companheiros de mesa andaram embarcados, 11 e 15 anos respectivamente.
Enquanto comíamos o arroz de tomate e os carapaus fritos, fomos ouvindo histórias vividas debaixo de água, pelos referidos ex-oficiais da Armada.
Na verdade andar a 70 ou 100 metros de profundidade (apesar de poder ir ao limite de 300 metros, em situações excepcionais) por períodos médios de 15 dias não deve ser fácil. Por exemplo o Barracuda tinha uma tripulação de 53 tripulantes que dispunham de pouco espaço. Havia menos camas que membros da tripulação, pelo que os tripulantes revezavam-se nos beliches para dormir. As reservas de água eram limitadas. Durante as missões que podiam durar até ao máximo de 30 dias, os tripulantes evitavam tomar banho. A bordo haviam apenas dois banheiros. Num espaço igualmente muito pequeno, instalava-se a cozinha, lugar essencial onde os cozinheiros procuravam quebrar a rotina dos marinheiros através de apreciadas refeições. Naturalmente que estas condições de operação só podiam ser suportadas por indivíduos com determinados características físicas e psicológicas.
E as histórias foram desfilando em catadupa. Umas atrás das outras, contadas com muita paixão. Por isso compreendo que um dos meus companheiros tenha dito: “ para os submarinos fui obrigado a ir e a sair”.





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