HOSPITAIS OU MATADOUROS?

Uma equipa de jornalistas da TVI, integrada pela jornalista Ana Leal e pelo repórter de imagem Romeu Carvalho, realizou uma reportagem em hospitais, de Trás-os-Montes ao Algarve, intitulada “1 hora e 35 minutos”. Este excelente trabalho jornalístico foi difundido no Jornal da Noite de ontem.

Uma câmara oculta percorreu enfermarias e serviços de urgência de 15 hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e porque “uma imagem vale por mil palavras” o que vimos é preocupante e, sobretudo, revoltante.

Faltam as palavras para expressar a indignação. A situação que se vive actualmente na maioria da rede hospitalar do país é terceiro-mundista.

Faltam médicos, enfermeiros, ventiladores, detergentes, papel, fraldas, roupas … Falta tudo. Mas principalmente falta respeito pela dignidade de pessoas.

“Como é que um país como o nosso chega a este ponto?” – pergunta a filha de uma idosa que morreu, alegadamente por falta de assistência hospitalar.

A câmara circula pelos hospitais e vai denunciando a vergonha do que se lá passa. “Estou cheio de fome e ninguém e dá comer” – grita um doente deitado numa cama. Sucedem-se os depoimentos e a nossa estupefação aumenta, ao ritmo da indignação.

“O Estado tem os cofres cheios!” Isto disse há umas semanas a Ministra das Finanças. Está à vista à custa de quem. Ou seja dos portugueses, aqueles que “os donos disto tudo”, hipocritamente, classifica como os “heróis” da “recuperação” de Portugal. Sim, são portugueses e são… tratados como gado em matadouro.

Até quando? Aceitamos ficar à espera que a nossa vez chegue, excepto se tivermos dinheiro para pagar Seguros de Saúde e Hospitais Privados?

Que cada um responda, sem resignação ou fatalismo!