CHEIAS EM MOÇAMBIQUE
Tenho uma particular
sensibilidade para tudo o que acontece nos países africanos de língua oficial
portuguesa (PALOP). Esta circunstância resulta muito do facto de ter cumprido
uma comissão de serviço militar em Moçambique, já lá vão mais de 40 anos.
Por isso tenho acompanhado as
cheias que desde a segunda semana de Janeiro afectam o Centro e Norte de
Moçambique, e que já provocaram 159 mortos. A violência das chuvas, associada à
súbita subida dos caudais dos rios, provocou uma situação de grande destruição,
ao arrasar 8800 casas e danificar 400 escolas, além de 33 mil hectares de
campos agrícolas. A região mais afectada por este desastre é a da Zambézia,
onde se verificou a maioria dos mortos (134).
Todos os anos Moçambique é
fustigado por cheias. As mais comuns são as imediatas, caracterizadas por
chuvas torrenciais concentradas em poucas horas, inundando vastas áreas do
país.
Em 2012 num seminário de
capacitação às Comissões Provinciais de Protecção Civil, em Luanda, no qual participei como orador, a convite do Ministério do Interior de Angola, o Director Geral do
Instituto Nacional das Calamidades, João Ribeiro, apresentou uma interessante
comunicação subordinada ao tema “ Experiência da Protecção Civil em Moçambique,
com ênfase nas inundações”. Nessa ocasião o referido responsável informou que
de facto as cheias que periodicamente afectam o país são o maior desafio com
que a Protecção Civil moçambicana se confronta. Mas sublinhou o facto de terem
sido as cheias que induziram a decisão política de investir nas estruturas de
resposta à emergência naquele país.
Afinal uma característica dos
Estados de todos os continentes. A evolução dos sistemas de resposta à
emergência está de uma forma geral associada a eventos catastróficos, dos quais
resulta elevado número de vítimas mortais. Os exemplos são muitos e conhecidos,
pelo que torna-se desnecessário evocá-los.
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